Quem é digno do nosso amor? Aquele que toma
para si toda a nossa culpa? Ou aquele que nos acusa?
Se só é digno de amor aquele que nos redime de
nossa culpa, então, numa certa lógica, só Cristo
é digno de amor. Pois só ele toma para si toda a nossa culpa (ao pagar por ela
e apagá-la)... ninguém mais. Só Cristo nos salva, ao se sacrificar por nós.
[Por isso, Nora abandona seu marido, Tornvald Helmer]
Entretanto, nossa culpa, implica alguma
acusação. Se há culpa, afinal, deve haver também alguém que nos acuse. Quem nos
acusa originalmente de nossa culpa, da nossa culpa original, da culpa que vem
de nossa própria origem? Ora, o Deus Pai. Mas, nessa mesma lógica, devemos amar a Deus acima de tudo. Assim, devemos amar, acima de
tudo, aquele que nos acusa.
São dignos do nosso amor, ao mesmo tempo,
aquele que nos salva e aquele que nos acusa de toda a nossa culpa. Por isso, ainda
segundo a mesma lógica, estes dois equivalem a um. Cristo é Deus. O filho de
Deus é Deus.
Na purificação da nossa culpa ou da culpa no mundo, Deus envia seu próprio filho,
ou a si mesmo, ao sacrifício.
[Por isso, o Consul Bernick, para acabar com a sua culpa, envia, sem saber, é verdade, seu próprio filho, Olaf, ao naufrágio do Indian Girl]
Nesse passo, completamos uma pequena volta pelo teatro de Ibsen, e chegamos a como
eliminar o podre.
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