Freud pensa a guerra como uma disputa simples entre “grandes indivíduos da humanidade”, isto é, entre dois povos, regredidos a um estágio pré-civilizatório, por exemplo, alemães contra franceses*.
No calor e no ruído das bombas, não vê que a guerra entre países pode ser, ao mesmo tempo, a guerra de um grupo contra outros grupos, independentemente dos países. Um grupo A de interesse comum, por exemplo, pode ser composto de alemães e de franceses. Pode-se entender a guerra como a disputa deste grupo A com outros grupos de interesse. Enquanto se desdobra a guerra entre alemães e franceses, se desdobra uma outra entre o grupo A (composto de certos alemães e franceses com os mesmos interesses, digamos, econômicos) e outros grupos (também compostos de alemães e franceses com interesses iguais).
(*) FREUD, Sigmund. Considerações atuais sobre a guerra e a morte [1915]. Trad. Paulo César Lima de Souza. In: Obras completas. Vol. 12 (1914-1916). São Paulo: Companhia das Letras, 2011. P. 253-246.
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