Isto é evidente! IV

O sujeito transcendental é um sujeito de carne e osso? Ao menos, como “espectador transcendental”* ele parece possuir olhos. Afinal, ele vê. Mas, ele vê sem os órgãos da visão? Ou os olhos do corpo serão mais propriamente seus do que do eu-no-mundo (o eu separado de si)?

Além disso, veja, o espectador transcendental tem o poder de ver tudo no mundo (todas as coisas visíveis, nessa possibilidade), mas não o olho mesmo do eu-no-mundo, como se o olho mesmo não fizesse parte do mundo.

Onde, no mundo, dá-se a observar um Sujeito metafísico?
Tu dizes: aqui ocorre exatamente como com o Olho e o Campo de Visão. Mas o Olho, na realidade efetiva, tu não o vês.
E nada no Campo de Visão permite concluir que ele seja visto a partir de um olho.**




(*) HUSSERL, Edmund. Conferências de Paris [1929]. Trad. Pedro M. S. Alves. In: Meditações cartesianas e Conferências de Paris: de acordo com o texto de Husserliana I. 1 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013. P. 14.

(**) WITTGENSTEIN, Ludwig. Tractatus Logico-Philosophicus. 3 ed. São Paulo: Edusp, 2001 [1921]. Prop. 5.633. P. 246.

Um comentário:

Elizias disse...

Oh meu rei, deixe desses "alimões" verborrágicos, vá para franceses com nome de vinho Merleau! o olho o espírito, o visível e o invisível, a carne do mundo, estas cousas, mais salutares! e para não perder o costume, como dizia o leminski: "Vai me ver com outros olhos ou com os olhos dos outros?". quero te ver com meus olhos dos outros perdida na ilha! bisous!