O amigo-de-teatro (ou da aparência), em amizade, disse ao amigo-de-saber (ou do ser): “Adiantando-se, os filósofos sempre se voltam para trás”.
Como se os filósofos tivessem os corpos com os
pés e os olhos apontados em direções contrárias, à maneira de certos personagens lendários.
Olham para trás, caminham para frente; ou olham para frente, mas caminham para trás.
Então, se ainda vivêssemos sob aquele império divino:
“Vai! E não olha para trás, se não...”, os filósofos seriam todos estátuas salgadas.
Exemplo da grande estátua de sal (ó, quantas
lágrimas...): “Para apreendermos a diferença [entre ser e aparência], precisamos, aqui, mais uma vez, voltar atrás até o inicial [antes da diferenciação]”*.
(*) HEIDEGGER, Martin. An Introduction to Metaphysics. Trad. Ralph Manheim. London: Yale University Press, 1987 [1953]. P. 99.
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