Procuro desprender-me, um instante, da imagem de Berlim, e perceber sem influências a Moscou invariável. Isso, porém, parece impossível.
Não apenas varia a minha percepção de uma vida em Moscou, mas varia também a própria variação.
Então, como julgar a respeito de uma vida em Moscou?
Não sei ainda se Moscou é uma só cidade ou tantas quantas são as minhas impressões variantes. Nem se há de fato uma vida em Moscou.
Os meus hábitos de pensamento e de afetos, no entanto, exigem que eu julgue. Eles imperam: – julgue, porque uma vida está em jogo!
Quando, como atitude filosófica, o correto seria cultivar o desprendimento do desejo em relação ao desejo de julgar e a suspensão momentânea de todo juízo a respeito de uma vida.
Esclareço, ao final dessa página de diário, o que pode não estar claro: uma vida não é uma vida individual, mas um gesto engajado em múltiplas relações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário