Voltemos a Proust, à questão do vidro do aquário e à diferença de pressão entre o interior p e o exterior p':
Se tomarmos um plano (uma lâmina muitíssimo fina) que passe no interior do vidro, a diferença entre as pressões dos dois lados do plano, ∂p, deve tender a zero, ou o vidro não manteria sua estabilidade interna.
Se percorrermos assim o interior do vidro, de um lado a outro, a cada minipasso, encontramos a mesma diferença minimal de pressões, de modo que, no total, no somatório infinito do infinitamente pequeno, a diferença de pressões se faz considerável, embora tenda a zero em cada local.
Isso explica por que não basta uma grande diferença de pressões para que haja uma revolução. É preciso o levante. E o ímpeto do levante é inexplicável. Como diria M. Clavel, é algo, na terra, que corresponde à graça divina da salvação.
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