Para Bergson, rimos do distraído, porque nele a vida se distrai, e isso lhe faz padecer os eventos mais impensados.
O contrário da distração é a vida atenta a si mesma: isso é a vida livre. A atenção à vida é seriedade, liberdade.
Porém, o que há de mais discutido, hoje em dia, entre os pedagogos, do que a constatação de que vivemos distraidamente e incapazes de aprender?
Vivemos desatentos, somos cômicos. Riria de nós aquele que nos prestasse a sua atenção. No entanto, no mundo da distração completa (uma imagem do pedagogo), ninguém prestaria atenção a nada e, assim, não haveria ocasião para o riso.
Mas, há o riso. Então, há atenção? Para Bergson, o atento, por meio do riso, corrige a distração da vida. “O riso é a própria correção. O riso é um certo gesto social, que sublinha e reprime uma certa distração especial dos homens e dos eventos”*.
Curioso parece, então, que o riso seja considerado o sinal de uma distração também naquele que ri. Afinal, não é verdade que quem ri se distrai? Quem ri deixa de prestar atenção à vida, mas, por isso, se torna cômico?
(*) BERGSON, Henri. Le rire. Paris: GF Flammarion, 2013 [1900]. P. 113.
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