A origem da arte


Bazin situa a origem das artes plásticas no princípio orientador da “prática do embalsamento”. Trata-se, desde o início, de uma aspiração psicológica: o desejo de lutar contra a morte. A representação da realidade viva pela arte pretende salvar o ser pela fixação da sua aparência pictórica ou estatuária. Fixar o ser pela aparência e retirá-lo do devir: da “correnteza da duração”*.

Então, curiosamente, podemos pinçar, na origem da arte, a vigência de um princípio conservador. Mas, ora, o artista não é geralmente o inovador? E a arte, ela não está ligada à inovação? Há, aí, apenas, a inovação da conservação.

Aliás, tudo o que se fixa visa a se conservar. Toda memória. E portanto toda a consciência (como diria Bergson). E portanto toda ideia da razão. Tudo isso é fixação, conservação.



(*) Conferir: BAZIN, André. Ontologia da imagem fotográfica [1945]. Trad. Eloisa Araújo Ribeiro. In: O que é o cinema?. São Paulo: Cosac Naify, 2014 [1985]. P. 27-34.

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