Negação e ciência


Eles sempre dizem: – não, não é isso! Isso não está acontecendo. Não, não há falta de verba, não há greve, não há falta d’água, não foi a polícia, não há tortura, não fizemos isso, não fomos nós, não há crise, não há guerra.

Mas, “tomamos a liberdade, na interpretação, de ignorar a negação e apenas extrair o conteúdo da ideia”*.

Assim, é pela sua negação que conhecemos o acontecimento.

Um repórter advertido lhes perguntaria: “O que você considera o mais improvável naquela situação?”**. Então, receberia a resposta que deseja: – o mais improvável é... [exatamente isso que ocorre].





(*) FREUD, Sigmund. A negação [1925]. Trad. Paulo César Lima de Souza. In: O eu e o id, “Autobiografia” e outros textos. Obras completas. Vol. 16 (1923-1925). São Paulo: Companhia das Letras, 2011. P. 276.

(**) Ibidem.

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