Não haveria filosofia em disposição índia!
A disposição índia, defende-se, seria a existente nas sociedades arcaicas.
A disposição índia seria caracterizada, nessa opinião, pela sua “incapacidade de gerar excedentes”*, isto é, de superar suas condições naturais. Viver-se-ia à mercê da fortuna, sempre aquém, na falta.
Nesse disposição, a gente subsistiria na precariedade. Além disso, associada a essa condição de subsistência, constata-se a ausência da escrita (sinal da ausência de um pensamento arquivado, questionado e sistematizado: condição da filosofia).
Nessa condição: seria impossível o livre-pensar!
Mas, e se, pelo contrário, na disposição índia, vivesse-se na abundância e, no consequente, dispêndio**?
(*) Conferir: CLASTRES, Pierre. A sociedade contra o Estado: pesquisas de antropologia política. Trad. Theo Santiago. São Paulo: Cosac Naify, 2012 [1974]. Cap. 1. Copérnico e os selvagens. P. 29-30.
(**) Além de Clastres, conferir: MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a dádiva: forma e razão da troca nas sociedades arcaicas. Trad. Paulo Neves. São Paulo: Cosac Naify, 2013 [1925]. P. 118.
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