(1) Os problemas que nós individualmente temos não são parciais, mas comuns a outras partes, que compõem conosco o que nos é comum. Os problemas que eu experimento, outras partes do comum também experimentam. Nossos problemas são comuns nesse sentido.
(2) Somos individualmente partes em relação com outras partes. Nossos problemas parciais são problemas nessa relação comum. Nossos problemas são comuns também nesse sentido.
Na solução dos problemas, os neoliberais defendem que a solução seja parcial, que cada parte resolva por e para si os seus problemas (de saúde, de educação, de segurança, de desemprego e pobreza, por exemplo). No entanto, a atitude parcial enfraquece o comum, o tecido de relações que constituem a totalidade aberta de que somos partes. E o enfraquecimento do comum, ao invés de diminuir, só aumenta nossos problemas, que são comuns.
Os republicanos, por sua vez, entendem que cabe ao estado resolver nossos problemas comuns (de saúde, de educação etc.). As partes devem apenas se entregar aos seus cuidados, como partes governadas. No entanto, isto enfraquece a relação entres as partes, comprometendo a constituição do tecido comum. O estado não é o comum, mas uma parte que deseja dirigir o comum, como totalidade fechada.
A solução dos nossos problemas, que são comuns e não parciais, precisa ser produzida em comum, com a intensificação da participação das partes, democraticamente, isto é, racionalmente, na superação das perspectivas parciais, numa abordagem comum.
Se nossos problemas são comuns, as suas soluções também precisam ser comuns nos dois sentidos destacados acima.
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