Ambiente kafkiano

Afinal, como somos promessas de sociedades político-morais, é aceitável que todos nós sejamos injustamente condenados, que um juiz nos condene por um ato que não cometemos (daí a injustiça), pois sempre o juiz há de ignorar no seu julgamento a totalidade dos nossos atos (daí a aceitabilidade da condenação).

Não é isso que Proust significa quando escreve que não há “quase nunca, condenação justa nem erro judiciário, mas uma espécie de harmonia entre a falsa ideia que o juiz se faz de um ato inocente e os fatos culpáveis culposos que ele ignorou ”*?






(*) PROUST, Marcel. Albertine disparue. Col. Folio Classique. Paris: Gallimard, 2009 [1923]. P. 30.

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