Acostumamo-nos, historicamente, a contrapor a consciência aos
instintos, a interpretar a força da consciência como contraposta a dos
instintos, a deixarmo-nos guiar pela voz da consciência antes do que pelas
vozes dos instintos.
Numa dupla volta da consciência, na consciência da consciência, será preciso, talvez, interpretar
a consciência como um instinto. Interpretá-la ao jeito de um impulso tão cego, tão
perigoso e tão ameaçador para a nossa existência, quando dominante, quanto qualquer outro instinto.
Conforme o prudente, a voz da consciência: uma voz entre outras.
Para ceder um exemplo: “Como o sofrimento vai mais longe em psicologia do que a [própria] psicologia!”*.
(*) PROUST, Marcel. Albertine disparue. Col. Folio Classique. Paris: Gallimard, 2009 [1923]. P. 3. Ou, na tradução mais perfeita de Carlos Drummond de Andrade: “Como, em psicologia, o sofrimento vai mais longe do que a psicologia!”
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