O poeta alcança a ideia e a sente.
“Participação de cada coisa à natureza; impossibilidade de se sair dela. Leis físicas envelopantes”*.
Mas sua incursão é uma incursão na língua. O poeta perfaz um desdobramento na língua, pelo qual o ser da língua (uma essência potente) se desdobra em fala (um ente existente, que é como uma propriedade, ela mesma potente, da língua).
Não diz, não defende o poeta, porém, que o ser da língua seja o ser real, existente e único, onipotente, onisciente, misericordioso, escatológico. Nem que as falas sejam entes reais. Afinal, o poeta sabe, há outras línguas, talvez, uma infinidade delas.
Por isso não podemos perguntar ao poeta: – o que ele quer dizer com “participação”?
(*) GIDE, André. Les nourritures terrestres. Paris: Gallimard, 1936 [1897]. P. 58.
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