O princípio do eterno retorno afirma que este instante retornará em cada ciclo do tempo. Viveremos este mesmo instante novamente infinitas vezes. A ínfima dor que suportamos num instante é, segundo este princípio, uma dor infinita. Da mesma maneira, com o prazer, o ínfimo prazer de um instante, na verdade, é infinito. O instante, na sua repetição, em seu retorno infinito, é eternidade.
Viver o instante como eternidade é um princípio ético, isto é, uma regra de subjetivação (face à ética cristã, que considera que a eternidade extrapola o instante, e que submete o instante da vida a uma outra vida, salva e eterna).
Mas, talvez haja uma relação entre o eterno retorno do real e o deserto do real. No seu eterno retorno, o instante perde seu caráter de singularidade. Ao se eternizar, ele se torna uma repetição do mesmo, de si mesmo. O instante não inaugura nada, apenas repete. Nesse sentido, o eterno retorno é o tempo (como o deserto é o espaço) de uma impossível subjetivação (se a subjetivação é um esforço infinitesimal – mesmo que cego – de diferenciação ou de inauguração).
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