Uma ideia verdadeira acerca do mundo


A distinção psíquica entre um “dentro” da mente (realidade mental interna) e um “fora” dela (realidade exterior) passa pelo corpo.

Se, com um variado e investigador movimento do corpo (uma “ação muscular”), uma determinada percepção não desaparece, então eu devo considerá-la como uma percepção irreal (a realidade que eu assim percebo é uma realidade interna, não uma realidade externa)*.

Um exemplo notável: – uma ideia fixa ou uma verdade eterna a respeito da realidade externa. Por mais que eu mova meu corpo, a percepção dessa ideia permanece a mesma, invariável e idêntica a si mesma. Assim, na distinção entre dentro e fora, é preciso que eu considere tal percepção como uma percepção interna, como uma percepção de algo que está dentro da minha mente e não fora dela. Uma ideia verdadeira (na medida em que é fixa ou eterna) é uma ideia minha, que constitui a minha mente ou deriva apenas dela!

Uma ideia verdadeira acerca do mundo é uma ideia do mundo exterior e também uma ideia interior minha (tal como afirmou Spinoza).





(*) cf.: FREUD, Sigmund. Complemento metapsicológico à teoria dos sonhos [1915]. Trad. Paulo César Lima de Souza. In: Introdução ao narcisismo, Ensaios de metapsicologia e outros textos. Obras completas. Vol. 12 (1914-1916). São Paulo: Companhia das Letras, 2011. P. 165.




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