Já lemos acerca do tempo, da temporalidade,
como um artifício existencial humano. Temporalidade, uma categoria existencial, portanto; mas não
um transcendental da experiência; e, sim, uma invenção, uma ficção coletiva da
imaginação humana, uma noção criada em comum, que nos serve de princípio de
inteligibilidade (epistemológico), de
operacionalidade (político-pragmático) e de
compreensão de si (subjetivador).
Proust: “...como o porvir é o que ainda
não existe apenas no nosso pensamento, ele nos parece ainda modificável pela
intervenção in extremis da nossa vontade”*.
O tempo (o jogo presente do passado
sobre o futuro e do futuro sobre o passado) abre, na imaginação, o espaço
disposto-durante (o dispositivo-aí que dura em transformações e metamorfoses)
para a ação humana sob o regime da vontade.
(*) PROUST, Marcel. Albertine
disparue. Col. Folio Classique. Paris: Gallimard,
2009 [1923]. P. 4. Aqui, a tradução de Drummond, ao contrário do habitual, parece-me, ainda nos deixa em um sutil equívoco: “...sendo algo que só existe em nosso pensamento, o futuro nos parece
ainda modificável pela intervenção in extremis
da nossa vontade”.
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